quarta-feira, 25 de abril de 2018

5º FÓRUM DE EDUCAÇÃO CRISTÃ IBVA 2018

AS DOUTRINAS DA GRAÇA 
Resgatando o verdadeiro Evangelho

Dias: 28 e 29 de Abril de 2018

"Quando a Igreja abandona a sã doutrina, as bases da fé cristã, ela fatalmente definha."
Vivemos numa era de uma teologia fraca e cristianismo sem compromisso com a Palavra.
A verdade, a fé e a esperança vindoura foram substituídas pela intuição, a emoção e a gratificação imediata. Mas, se a Igreja denunciar esta fé egoísta e voltar-se para Cristo e a sua cruz como o centro, ela verá reforma e avivamento.
E isso só acontecerá quando ela redescobrir as doutrinas da graça!
Todos os participantes receberão o Kit do participante e certificado de participação
Realização:
IGREJA BATISTA VIDA ABUNDANTE 
"Anunciando Cristo, Edificando Vidas"

FAÇA SUA INSCRIÇÃO📝🖊 (Acesse o Link👇🏻) Vagas Limitadas! https://www.sympla.com.br/5-forum-de-educacao-crista-ibva__…
ENTRADA FRANCA


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Como ter fé pode nos ajudar a resolver nossos transtornos?

A fé é uma força que vem do nosso interior e que tem poderes, muitas vezes, inexplicáveis. Ter fé é acreditar que até o impossível pode ser feito, pois como diz o ditado, “a fé move montanhas”.
De acordo com estudos científicos, a fé pode sim curar. É fácil encontrar uma série de histórias de pessoas que tiveram doenças diagnosticadas e viram na espiritualidade uma forma mais efetiva de cumprir o tratamento. Se a fé é capaz de ajudar nosso corpo físico, também é possível contar com ela na resolução dos problemas cotidianos. Entenda como a fé pode ajudar a resolver nossos transtornos:

Relação entre a espiritualidade e a saúde
 
As culturas mais antigas já reconheciam a relação entre a saúde e a espiritualidade. No entanto, quando a ciência passou a comprovar as origens das doenças que afetavam o corpo, passou a haver uma divisão: a religião era aquela que cuidava do espírito e a ciência cuidava do corpo.
 
Atualmente, muitos especialistas e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhecem que a fé e a espiritualidade não devem ser desprezadas durante o tratamento, já que a fé reflete positivamente na saúde psíquica, social e biológica dos pacientes, assim como no bem-estar de cada individuo.
 
Além disso, também foi cientificamente comprovado que pessoas que possuem fé têm menos riscos de sofrerem com doenças cardiovasculares, diabetes e infartos, além de sofrerem menos com os sintomas de doenças crônicas como a AIDS e o próprio câncer. Isso porque, quando adquirem o autoconhecimento e a aceitação que a fé lhes proporciona, essas pessoas conseguem mudar seus hábitos, manter um equilíbrio em seus pensamentos e atitudes e se manterem afastados de outras doenças como a depressão.

Os efeitos de ter fé no nosso dia a dia
 
A fé nos ajuda a acreditar, a discernir o certo do errado e a separar aquilo que é bom e o que é mau. Quando temos um problema, a fé nos ajuda a solucioná-lo porque ela nos dá a confiança de que aquela situação irá se resolver, ela nos fortalece nos momentos de mudança e nos incentiva a seguir e tomar as decisões certas.
 
Se você não é uma pessoa de muita fé, busque praticar o bem, fazer o que é certo e acreditar mais em Deus. Dessa forma, você pode se conhecer e se entender melhor e acreditar em dias melhores. Isso fortalecerá a sua espiritualidade e a sua fé na vida e em Deus.
 
Se você sente que a sua vida espiritual está sendo afetada pela correria dos dias de hoje, veja também como esperar que tudo aconteça no seu tempo!

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Voto do nazireu ou voto do cabelo


At 18.2 Paulo em Corinto, encontra um casal chamado Áquila e Priscila, de origem judaica, onde a profissão dos mesmos era semelhante, ficando com eles Paulo, ajuda no sustento do lar prestando serviços a eles. Mas devido ao orgulho judaico e inveja referente ao ministério de Paulo, começam aparecer rumores de que Paulo tem desprezado a lei, pregando contra a mesma. Isso se faz notório aos ouvidos de Paulo, que junto com esse casal se entristecem, mesmo sabendo que isso era mentira.
Como agora Paulo poderia provar a sua inocência validando a lei de Moisés juntamente com a sua consagração e comprimento de ambos, agora haveria uma maneira na qual, toda a estrutura judaica se abalaria com tal prova de fidelidade a lei e aos costumes judaicos, era o voto do nazireu conforme, sendo esse agora um argumento irrefutável, sobre a veracidade do cumprimento da lei judaica ao pé da risca, isso ocorre em At 18.18 “E Paulo, ficando ainda ali muitos dias, despediu-se dos irmãos, e dali navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto”.
No versículo acima, vemos o apóstolo em um ato que chama a atenção para meditarmos nas escrituras, ele toma a decisão de raspar sua cabeça, fazendo um pacto com o Senhor, um voto que só poderia ser concluído ou entregue ao Senhor de acordo com a lei nazireu no templo de Jerusalém em forma de sacrifício.
Vamos agora analisar algumas referências bíblicas sobre outros nazireus existentes na bíblia:
Números capitulo 6 e versículos de 1 a 21 descreve-se toda a lei referente ao voto do nazireado, vamos meditar sobre ela:
1
E falou o SENHOR a Moisés, dizendo:
2
Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar ao SENHOR,
3
De vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.
4
Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma, que se faz da vinha, desde os caroços até às cascas.
5
Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou ao SENHOR, santo será, deixando crescer livremente o cabelo da sua cabeça.
6
Todos os dias que se separar para o SENHOR não se aproximará do corpo de um morto.
7
Por seu pai, ou por sua mãe, por seu irmão, ou por sua irmã, por eles se não contaminará quando forem mortos; porquanto o nazireado do seu Deus está sobre a sua cabeça.
8
Todos os dias do seu nazireado santo será ao SENHOR.
9
E se alguém vier a morrer junto a ele por acaso, subitamente, que contamine a cabeça do seu nazireado, então no dia da sua purificação rapará a sua cabeça, ao sétimo dia a rapará.
10
E ao oitavo dia trará duas rolas, ou dois pombinhos, ao sacerdote, à porta da tenda da congregação;
11
E o sacerdote oferecerá, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto; e fará expiação por ele, do que pecou relativamente ao morto; assim naquele mesmo dia santificará a sua cabeça.
12
Então separará os dias do seu nazireado ao SENHOR, e para expiação da transgressão trará um cordeiro de um ano; e os dias antecedentes serão perdidos, porquanto o seu nazireado foi contaminado.
13
E esta é a lei do nazireu: no dia em que se cumprirem os dias do seu nazireado, trá-lo-ão à porta da tenda da congregação;
14
E ele oferecerá a sua oferta ao SENHOR, um cordeiro sem defeito de um ano em holocausto, e uma cordeira sem defeito de um ano para expiação do pecado, e um carneiro sem defeito por oferta pacífica;
15
E um cesto de pães ázimos, bolos de flor de farinha com azeite, amassados, e coscorões ázimos untados com azeite, como também a sua oferta de alimentos, e as suas libações.
16
E o sacerdote os trará perante o SENHOR, e sacrificará a sua expiação do pecado, e o seu holocausto;
17
Também sacrificará o carneiro em sacrifício pacífico ao SENHOR, com o cesto dos pães ázimos; e o sacerdote oferecerá a sua oferta de alimentos, e a sua libação.
18
Então o nazireu à porta da tenda da congregação rapará a cabeça do seu nazireado, e tomará o cabelo da cabeça do seu nazireado, e o porá sobre o fogo que está debaixo do sacrifício pacífico.
19
Depois o sacerdote tomará a espádua cozida do carneiro, e um pão ázimo do cesto, e um coscorão ázimo, e os porá nas mãos do nazireu, depois de haver rapado a cabeça do seu nazireado.
20
E o sacerdote os oferecerá em oferta de movimento perante o SENHOR: Isto é santo para o sacerdote, juntamente com o peito da oferta de movimento, e com a espádua da oferta alçada; e depois o nazireu poderá beber vinho.
21
Esta é a lei do nazireu, que fizer voto da sua oferta ao SENHOR pelo seu nazireado, além do que suas posses lhe permitirem; segundo o seu voto, que fizer, assim fará conforme à lei do seu nazireado.
Mais duas passagens sobre o mesmo voto podemos ler a seguir:
Juizes 13.5 “Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será nazireu de Deus desde o ventre; e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus”.
I Sm 1.11 “e Ana e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua cabeça não passará navalha”.
Como é fascinante esse voto que era feito pelos judeus, a seguir podemos agora entender, através de um estudo sistemático, como esse voto se dava e qual era a sua origem e importância no comprimento total do mesmo.
O Nome
A forma mais correta da palavra é nazireado, nazireu, embora alguns grafem, em outras línguas, nazarita. A palavra portuguesa vem do hebraico nazir, derivada de nazar, separar, consagrar, abster-se. Além disso, há a considerar o termo nezer, diadema, coroa de Deus, termo algumas vezes aplicado à cabeleira não-tosquiada dos nazireus, cabeleira essa considerada sua coroa e adorno. E dessa outra palavra hebraica que alguns pensam que se deriva a forma nazarita. Comparar isso com I Cor. 11:15.
O nazarita ou nazireu (2), do hebraico nazir distinguia-se do nazareno, do hebraico também neser, aplicado a Cristo em Mt 2.23. Embora parecidas as palavras nas línguas modernas, diferem bastante no hebraico por serem diferentes as consoantes médias. Assim, por nazireu entendia-se todo aquele que se separava e distinguia por qualquer modo invulgar para se dedicar a Deus, fazendo um voto especial, quase sempre por determinado tempo. Por isso o radical hebraico implica em separação e consagração, como podemos ver em Deuteronômio e Números 33.16, a propósito de José, que “se separou” de seus irmãos.
O voto do nazireado envolve a consagração especial de pessoas ou coisas a Deus (ver Gên. 49:26; Deu. 33:16). Está especificamente em pauta o caso dos nazireus, cujos cabelos compridos serviram de emblema de sua separação ao serviço do Senhor, cabelos esses que eram reputados a coroa de glória deles. Ver Núm. 6:7. Comparar com II Sam. 14:25,26.
Caracterização Geral
Os nazireus formavam grupos ascéticos no judaís­mo. Eles tomavam vários votos, como abster-se de vinho, não entrar em contacto com qualquer coisa imunda, ou não aparar os cabelos. Entre os antigos hebreus, esses votos eram vitalícios (ver a história de Sansão). E o trecho de Amos 2:12 sugere que os nazireus eram muito prestigiados em Israel.
A legislação posterior, entretanto, permitia que tais votos fossem limitados quanto ao tempo (ver Josefo, Guerras 2:15,1). Mas, um elemento que nunca foi abandonado foi o de um severo ascetismo. O voto do nazireado aparece em Núm. 6:1-20. Ninguém podia fazer tais votos por um período inferior ao de trinta dias. Sansão, Samuel e João Batista (de acordo com muitos eruditos), foram nazireus vitalícios. A instituição do nazireado tinha por intuito tipificar a separação e um modo de viver santificado e restrito. A cabeleira crescida simbolizava a virilidade e virtudes heróicas.
As madeixas de cabelos simbolizavam uma simplicidade infantil, poder, beleza e liberdade. Maimônides, um sábio judeu sefardi (falecido em 1204), referiu-se à dignidade dos nazireus como equivalente à de um sumo sacerdote. E antes dele, Eusébio, o grande historiador eclesiástico da Igreja antiga, asseverou, em termos enfáticos, que os nazireus tinham acesso ao Santo dos Santos, em Israel (História Eclesiástica 2,23).
Os pais podiam dedicar seus filhos homens a esse grupo religioso separatista. Entretanto, os nazireus não viviam em comunidades separadas, e nem lhes era vedada a associação com outras pessoas, ou de se ocuparem em atividades comuns. Viviam na comunidade de Israel como símbolos de dedicação especial a Yahweh. Essa era a principal função dos nazireus. E eles mostravam-se ativos no serviço religioso e nas práticas ritualistas.
Origem do Nazireado
O sexto capítulo do livro de Números fornece-nos as regras acerca da questão, embora alguns estudiosos suponham que temos ali uma confirmação e regularização da prática, e não um começo absoluto da mesma. É possível que, a certa altura dos acontecimentos, a prática tenha penetrado no corpo da legislação mosaica. E os argumentos que dizem que a prática do nazireado foi tomada por empréstimo de povos pagãos, como os egípcios, não convencem e nem têm sido acolhidos pela maioria dos eruditos.
Provisões do Voto
O leitor deve examinar o sexto capítulo do livro de Números. Esse voto podia variar quanto à sua duração. Podia ser imposto às crianças, por seus pais, que as dedicavam à vida do nazireado, como foi o caso de Sansão (ver Juí. 13:5,14), e talvez de Samuel (ver I Sam. 1:11) e de João Batista (Luc. 1:15). A Mishna afirma que esses votos eram tomados por um mínimo de trinta dias, e que o período de sessenta dias era o mais comum. O voto tomado por Paulo, conforme está registrado em Atos 18:18, provavelmente foi um voto temporário de nazireu.
ProibiçõesOs nazireus precisavam abster-se de vinho, de todas as bebidas alcoólicas, de vinagre, e até de uvas e passas de uvas. A experiência humana exibe claramente os debilitantes efeitos espirituais das bebidas alcoólicas. Além disso, esses votos provavel­mente eram um protesto contra as práticas pagãs, onde as bebidas alcoólicas eram usadas para agitar aos adoradores, levando-os a cometerem toda sorte de excessos. Um forte exemplo dessa adoração, era a embriaguês exercidas pelos adoradores do deus Baco ou Bako, sendo ele tido pelos pagãos como o deus do vinho. Essa adoração era dada através do consumo axagerado de vinho pelos seus fiéis misturadas com muitas músicas e batuques, originando daí o tão famoso carnaval dos dias atuais.
Mas os nazireus também não podiam tocar em coisas imundas, como um cadáver, mesmo que se tratasse de um parente próximo. E cumpre-nos observar que os sumos sacerdotes de Israel também não se podiam contaminar desse modo.
Requisitos. Um nazireu não podia cortar os cabelos durante todo o tempo em que perdurasse a sua consagração. As referências literárias mostram que os cabelos de uma pessoa eram considerados a sede da vida, e até mesmo a habitação de espíritos e de influências mágicas. Talvez por essa razão é que, terminado o voto do nazireado, a pessoa precisava raspar seus cabelos e queimá-los, como medida eficaz para anular quaisquer poderes que os cabelos fossem tidos como possuidores.
Violação. Se os votos do nazireado fossem violados em qualquer sentido (até mesmo por acidente, como quando um nazireu entrava em contacto com um cadáver), ele precisava renovar todo o conjunto de ritos purificadores, e começar de novo os seus votos.
Término. Ao fim do tempo marcado, um nazireu precisava oferecer vários sacrifícios, cortando rente os seus cabelos e queimando-os no altar. Em seguida, o sacerdote oficiante efetuava certos ritos determina­dos, e o homem estava desobrigado de seu voto ao Senhor.
Problemas e Modificações
Alguns estudiosos pensam que o sexto capítulo de Números pertence à fonte informativa P.(S.), o código sacerdotal, que pertenceria aos tempos exílicos, ou mesmo depois. Essa legislação posterior, conforme eles supõem, permitia votos específicos relativamente breves. Mas, mais antigamente, conforme ainda argumentam, um voto era feito por toda a vida. Sansão e Samuel foram exemplos da prática mais antiga.
É possível que Absalão tivesse sido posto sob esse voto, o que explicaria sua vasta cabeleira. Entretanto, Jesus não foi um nazireu, e, sim, um nazareno (ver Mat. 2:23), embora isso não concorde com o que dizem alguns intérpretes.
João Batista, em contraste com Jesus, pode ter sido um nazireu verdadeiro, o que explicaria certos aspectos ascéticos de sua vida (ver Luc. 1:15). A prática posterior entre os judeus fez com que esse voto envolvesse apenas atividades religiosas ritualistas, conforme se via, para exemplificar, no farisaísmo; mas isso já representava uma perversão religiosa, que o Senhor Jesus combateu. Interessante é observar que o judaísmo moderno está completamente alicerçado sobre o farisaísmo, embora com certas evoluções medievais e modernas.
O nazireado era um voto feito por pessoas que procuravam alívio para as suas enfermidades ou aflições, conforme nos informa Josefo (Guerras, 11.15,1). Até mesmo Berenice, a incestuosa esposa-irmã do rei Herodes Agripa, fez tal voto, segundo Josefo menciona naquele trecho de sua famosa obra. A Mishna, Nazir V. 5, demonstra como a questão acabou se desintegrando. De acordo com esse comentário judaico, era possível alguém tomar voto até em relação a uma dívida assumida em uma aposta. As informações dadas por Josefo mostram-nos que os nazireus constituíam uma característica comum na vida judaica de seus dias.
Nazireado e o apóstolo Paulo
Atos 18:18: Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Âquila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto.
Este voto foi feito pelo próprio Paulo, inicia-se aqui neste versículo, raspando a cabeça, Paulo está declarando a todos que o seu foto iniciou-se, isso teria um grande efeito sobre a cupola judaíca em Jerusalém que estava julgando ele como um herege, ou apóstata da fé, devido rumores espalhados por toda a província.
Josefo, grande historiador judeu do tempo apostólico, informa-nos de que o voto do nazireado se completava quando os cabelos eram raspados. (Ver também Núm. 6:5,18). Assim diz Josefo (ver Guerras dos Judeus, II. 15:1): Aqueles que sofrem de alguma enfermidade, ou que de alguma outra maneira caem em infortúnio, costumei­ramente fazem um voto de que, por trinta dias, antes de oferecerem algum sacrifício, abster-se-ão de vinho, e de rasparem a própria cabeça.
Ora, se essa norma foi seguida por Paulo, isso significaria que o apóstolo estava então iníciando um período de dias, durante o qual Paulo não tornaria a cortar os cabelos. Mais tarde o apóstolo remiria o seu voto, oferecendo o sacrifício apropriado, no templo de Jerusalém, no desenrolar da festa da páscoa.
Em Atos 21:15-26, podemos entender melhor como se encerraria o voto do nazireu, quase no final da sua segunda viagem Paulo faz esse voto, e vemos depois disso a sua pressa em chegar logo a Jerusalém para entregar o seu voto como sacrifício:
15
¶ E depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém.
16
E foram também conosco alguns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnasom, cíprio, discípulo antigo, com quem havíamos de hospedar-nos.
17
E, logo que chegamos a Jerusalém, os irmãos nos receberam de muito boa vontade.
18
E no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali.
19
E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
20
E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei.
21
E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei.
22
Que faremos pois? em todo o caso é necessário que a multidão se ajunte; porque terão ouvido que já és vindo.
23
Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto.
24
Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei.
25
Todavia, quanto aos que crêem dos gentios, já nós havemos escrito, e achado por bem, que nada disto observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue, e do sufocado e da prostituição.
26
Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta.
A origem da prática do voto do nazireado é anterior aos tempos de Moisés, e para nós é obscura.
Sabemos, entretanto, que os semitas e outros povos antigos não cortavam os próprios cabelos e nem faziam a barba quando tinham de ocupar-se de alguma questão importante, o que servia de sinal de que solicitavam a ajuda divina. Posteriormente ao período de voto, porém, os cabelos eram raspados, sendo queimados em algum lugar sagrado, como uma oferta a Deus ou aos deuses. Entre as tribos árabes até hoje há reflexos desse antiquíssimo costume. (Ver A. Lods, Israel, 1932, pág. 305. Examinar também o trecho de Juí. 5:2).
Séculos mais tarde, esse voto veio a significar alguma consagração especial a Deus, o que, evidentemente, podia perdurar por muitos anos, embora também pudesse envolver um período mais curto de tempo, dependendo da intenção com que um voto fosse feito. Alguns indivíduos se tornavam nazireus por toda a vida, como se deu no caso de Sansão, que foi consagrado como tal desde o berço. (Ver Juí. 13:5,6). Samuel, mais ou menos da mesma maneira, ainda que seu voto não envolvesse a abstinência de vinho, ocupava a mesma posição de nazireu. (Ver I Sam. 1:11). João Batista também cumpriu o espírito desse voto, posto que, aparente­mente, o seu compromisso não envolvia a necessidade de deixar os cabelos crescerem perpetuamente, sem cortá-los. Ver Luc. 1:15.
De fato, os nazireus representavam simbolicamente aquilo que é exigido, em termos espirituais, de todos os crentes (excetuando os símbolos físicos), visto que todos os crentes no Senhor Jesus devem apresentar-se como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rom. 12:1).
Quando da conclusão do voto do nazireado, contanto que esse não fosse fixado para a vida terrena inteira, os devotos ofereciam um sacrifício pelo pecado, uma oferta queimada (o que subentendia a sua autodedicação) e uma oferta pacífica, juntamente com pães asmos. (Este último aspecto fala de ação de graças por parte do ofertante).
No trecho de Atos 21:24-27 vemos uma alusão a um voto de nazireado estrito. Paulo, por ser caridoso, resolveu arcar ele mesmo com as despesas das ofertas, a fim de mostrar o seu respeito pela lei mosaica. No entanto, o voto que encontramos no trecho presente, Atos 18:18, provavelmente foi um voto de nazireado um tanto ou quanto modificado, ainda que alguns intérpretes opinem que talvez tivesse pertencido a outro tipo de voto, talvez uma espécie de oferta de ação de graças pelo que Deus realizara por seu intermédio, em Corinto, pelo sucesso da obra evangelizadora naquela cidade e pela proteção com que Deus o resguardara em segurança, fora do alcance de todos os seus adversários. Bem poderíamos imaginar que Paulo reiterou sua dedicação a Cristo mediante essa ação, esperando que lhe fossem conferidas outras oportunidades de trabalhar com êxito na causa do Senhor.
Nem mesmo durante o concilio de Jerusalém se tomou qualquer providência de proibir aos judeus de expressarem a sua adoração sob formas judaicas; meramente os crentes gentílicos foram liberados de tais obrigações religiosas, não lhes tendo sido imposta essa carga que pesava sobre os ombros dos judeus. Por sua vez, nada existe de mais evidente, em todo o livro de Atos, do que o fato de que até mesmo os apóstolos de Cristo continuaram observando os ritos judaicos, bem como as cerimonias e os costumes próprios do judaísmo. Não se há de duvidar que a maior parte de todos os primitivos cristãos judeus assim fazia. Aqueles eram os costumes religiosos consagrados pelo tempo, e foi mister passarem-se muitos e muitos anos, até que tais práticas fossem descontinuadas pelos cristãos.
Portanto, não há razão alguma em supormos que Paulo fez qualquer coisa errada neste ponto; antes, fez aquilo em um espírito autêntico de adoração e de consagração, numa atitude de suprema dedicação a Cristo, ainda que seguisse algumas formas externas antigas para expressar esse zelo. (Ver as notas expositivas acerca do caráter judaico da primitiva igreja cristã, em Atos 2:46 e 3:1 no NTI).
Alguns estudiosos têm procurado inocentar Paulo de seu suposto lapso ou culpa, afirmando que Ãquila, e não Paulo, é quem teria feito o voto. Mas isso não passa de uma tentativa desnecessária de evitar a realidade. Pelo contrário, a verdade é conforme diz Robertson (in loc): Paulo, sendo um judeu, guardou essa observância da lei cerimonial judaica, embora se recusasse a impô-la aos gentios.
Naturalmente isso não quer dizer que o apóstolo Paulo tenha continuado a observar a grande multidão de observâncias e requisitos cerimoniais do judaísmo de seus dias; pois é óbvio que ele não agia dessa maneira. Mas antes, ocasionalmente, ele fazia algo dessa natureza, visando algum propósito específico.
O VOTO DOS NAZIREUS Nm 6.1-21
A maneira como a questão se apresenta leva-nos a supor que se trata duma instituição já existente, uma vez que se acentua a diferença entre nazireus e não nazireus. Quanto à duração do voto, não sabemos de qualquer israelita que se tenha obrigado a ele durante a vida inteira. O caso de Sansão (Jz 13-16) é diferente, por não se tratar dum voto propriamente dito, mas duma obrigação que lhe foi imposta ainda antes de nascer e que o vinculava para sempre (Jz 13.5,7,13-14). Mas não era este o caso da maioria dos autênticos nazireus, embora certos aspectos fossem semelhantes.
Para o Cristão é de certa utilidade esta doutrina por considerar as suas relações com tudo o que em si não é pecaminoso, mas pode trazer obstáculos ao progresso da vida espiritual (Hb 12.1). A vida espiritual de certas pessoas pode ser muito avançada por eles absterem-se de algumas coisas que não são más em si mesmas. Ao mesmo tempo, nem sempre se podem forçar aqueles que desejam servir ao Senhor a fazerem votos que não podem cumprir, com prejuízo certo para as suas almas. Lembremo-nos da corrupção que grassava nos conventos medievais, e cujas conseqüências funestas ainda hoje se sentem. Deus quer que todos os Seus servos encarem a vida espiritual como coisa normal.
Condições para o voto do nazireu (Nm 6.1-8).
O vers. 2 define o voto do nazireu, que o homem ou a mulher podem fazer voluntariamente, separando-se por determinado tempo, a fim de se consagrarem ao serviço militar do Senhor. Os nazireus eram comparados com o sumo sacerdote por se separarem até de coisas mortas. (Lv 21.1-3,10-11).
Nem o amor da família o levaria a faltar a tal obrigação. Não é que fosse pecado tocar nos cadáveres. Em certos casos mesmo era um sinal de respeito, pois havia entre os judeus quem pensasse que tinha feito uma coisa santa em tocar num cadáver para dar a alguém uma sepultura decente. Foi este princípio que originou o livro apócrifo de Tobias. Mas ao nazireu exigia-se-lhe que de livre vontade se abstivesse desta forma de impureza, mesmo que se tratasse de membros de sua família. Enquanto separado e a Deus consagrado, devia permanecer santo e puro para com dignidade se dedicar ao Culto do Senhor.
Penas destinadas às infrações involuntárias (Nm 6.9-12).
Não se fala da infração às duas primeiras obrigações, de que falamos, por constituírem sempre um ato voluntário e serem, portanto, inadmissíveis. A possibilidade de alguém morrer junto dum nazireu é que o tornaria impuro legalmente, mesmo contra a sua vontade. Neste caso ficaria sujeito às mesmas prescrições que tornavam impuro qualquer israelita (Nm 19) e, além disso, ao sétimo dia cortaria o cabelo e iria ao Santuário oferecer duas rolas ou dois pombinhos para sua purificação (Lv 15.14) e, como expiação da culpa, um cordeiro. O pior era o tempo do seu voto que seria descontado, tendo de recomeçar, como se nada houvesse.
Esta lei parece-nos demasiado severa para quem não cometia qualquer erro voluntariamente. Mas a santidade de Deus exige também que sejam santos todos os que se dedicam ao Seu serviço, de forma a evitarem toda e qualquer espécie de pecado ou impureza que os possa macular. Purifiquemo-nos, pois, da melhor maneira para que no serviço do Senhor tudo seja puro e santo.
Como finda o voto do nazireu (Nm 6.13-21).
Através do vers. 13 fácil é compreender-se que o voto do narizeu terminava após um determinado período, seguido duma série de cerimônias que davam a entender quem era ou não nazireu. Começavam à porta da tenda da congregação e exigiam as oferendas descritas nos vers. 14-15. Após o ritual a que presidia o sacerdote (16-17), ainda à porta da mesma tenda o nazireu cortava o cabelo, que era queimado no próprio fogo do sacrifício. Nada podia guardar como prova da sua consagração anterior. Novas cerimônias levadas a cabo pelo sacerdote (19-20) indicavam que o nazireu estava dispensado de todas as restrições que tinha imposto a si próprio.
O vers. 21 conclui numa espécie de título, aludindo ao sacrifício do nazireu, e frisando que esse sacrifício deve exceder o que a lei normal prescreve. É o que dá a entender a expressão idiomática “além do que alcançar a sua mão”.
O voto de nazireado (ou nazireato), foi institucionalizado e regulamentado na Torá no Livro de Números 6:1-21. Em virtude desta consagração, o nazireu devia abster-se de tomar certos alimentos e bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres. Estas exigências particulares parecem traduzir os seguintes princípios: manter-se mentalmente são (“abster-se de vinho e de bebida fermentada”) e em sujeição a Deus (simbolizado pelo não cortar o cabelo) e manter-se cerimonialmente puro (não tocar em cadáveres).
Após a conclusão do seu voto, o nazireu realizava o ritual de purificação e fazia três oferendas no Santuário. Um voto dito “à semelhança de Sansão” era um voto para toda a vida.
Nazireus no cristianismo
João Baptista teria sido também um nazireu, embora o Novo Testamento nunca se refira a ele usando diretamente este termo. O seu estatuto de nazireu deduz-se devido ao seu estilo de vida ascético; em Lucas 1:15 o anjo informa a Zacarias, pai de João, que a sua mulher dará à luz um filho que “não beberá vinho nem bebida alcoólica”.
O apóstolo Paulo, junto com outros cristãos, fizeram também um voto temporário de nazireato. (Atos 18:18; 21:23-26).
Este tipo de consagração é considerado pelos teólogos católicoscomo modelo precursor do monasticismo cristão. Já outras denominações cristãs, encaram-no como precursor do ministério religioso por tempo integral.
Nos dias de hoje
Nos dias de hoje Deus está de fato levantando uma geração de ”nazireus”. Homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, pessoas dispostas a serem propriedade exclusiva de Deus. Separados para Ele em santidade. Em 1 Pedro 2:9, lemos: “Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz .”
Os requisitos impostos aos nazireus tinham significado e sentido especial na adoração de Deus. Iguais ao sumo sacerdote que, por causa do seu cargo sagrado, não devia tocar em cadáver, nem mesmo de seus parentes mais chegados, tampouco os nazireus o deviam fazer. Proibia-se ao sumo sacerdote e aos subsacerdotes, por causa da séria responsabilidade dos seus cargos, beber vinho ou bebida inebriante ao realizarem seus deveres sagrados perante Deus. – Le 10:8-11; 21:10, 11.
O Significado Espiritual
Através de Jesus, Deus separou para si, um povo para manifestar Seu caráter, Sua santidade. Os “nazireus” de hoje são pessoas que vão muito além das palavras e das aparências. São pessoas que vivem e buscam verdadeiramente a santidade e a presença de Deus.Os nazireus não podiam:
1- Beber vinho: Os nazireus de hoje, são pessoas que não se envolvem e não se iludem com a alegria passageira que o mundo oferece; O nosso prazer não está nas coisas deste mundo, não está no amor humano, não está na religião, no sexo ou nas drogas. O que verdadeiramente nos satisfaz é poder estar na presença do Senhor gerando um sorriso nos Seus lábios; 1 Jo 2.15 “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”.
2- Ter contato com cadáveres: A morte fala de separação. E a Bíblia nos diz que o salário do pecado é a morte. Os nazireus de hoje são pessoas que não se contaminam com o pecado, não se deixam influenciar por outras pessoas que vivem em pecado, por mais próximas e influentes que estas pareçam ser. Ou seja, não nos contaminamos com o pecado nem mesmo que seja por causa dos nossos pais. Temos tristes exemplos disso quando vemos jovens cristãos bebendo ou jogando cartas, truco, por exemplo, só porque estão com seus pais em uma ocasião em que estão reunidos. Abrem mão de sua santidade por alguns momentos para tentar agradar a família, Rm 8.8 “Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”.
Os que realmente se separam para Deus, têm necessidade de permanecerem em comunhão com o Espírito Santo e de obedecerem ao Senhor.
3- Cortar o cabelo: Os nazireus de hoje têm atitudes externas que mostram que são diferentes. São diferentes no seu modo de falar, de se vestir, de agir, de se relacionar com outras pessoas. São verdadeiros adoradores que adoram a Deus com todo o seu ser: espírito, alma e corpo. Eles exteriorizam o que sentem quando adoram ao Senhor no levantar das mãos, nos saltos de alegria, nos brados e nos dons espirituais, Jo 4.23 “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”.
Mas não fica apenas limitado ao culto dentro da igreja, mas a sua santidade se evidencia no dia-a-dia, os homens percebem que são diferentes porque os nazireus continuam honrando ao Senhor em todas as suas atitudes diárias, no trabalho, na escola, em casa, na rua, em qualquer lugar.
Eles eram exemplos para o povo de Israel. Eles conviviam com o povo de Deus diariamente, mas eram diferentes. Com isso, entendo que o Senhor está despertando a nossa geração para ser exemplo não para o mundo apenas, mas principalmente para o Seu próprio povo. Devemos em nossa vida ser Exemplos em Santidade e Exemplos em Adoração.
Henrique Carezia


sábado, 29 de outubro de 2016

Igreja Reformada, Sempre Reformando

Igreja Reformada, Sempre Reformando

Ecclesia reformata et semper reformanda secundum verbum Dei
A Igreja Reformada, sempre reformando de acordo com a Palavra de Deus
 

por Jorge Henrique Barro

Da Reforma Protestante do século XVI até os dias atuais continua ecoando o Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. É imperioso que se reflita os propósitos da fidelização aos Cinco Solas nos dias atuais. 500 anos depois, confessando que somente a Escritura, Cristo, a Graça, a Fé e a Glória de Deus, podemos afirmar que temos uma Igreja Reformada hoje? Parece-me que uma das dificuldades da maioria das igrejas consideradas Reformadas é o sempre reformando. Essa tensão é real nos nossos dias atuais, pois o sempre reformandocontinua gerando divisões que longe estão de serem resolvidas. E por que? Porque muito do que se professa reformado está na forma, na estrutura e poder eclesiástico e na liturgia, entre outras.

A reforma necessária e urgente na vida das igrejas do movimento reformado é entender o propósito dos solas: a missão de Deus no mundo. É preciso começar com o sola gerador de todos os outros: o sola missio Dei. O sola Scriptura, sola Christus, sola Gratia, sola Fide e soli Deo Gloria não tem nenhum sentido sem a missão de Deus.

É justamente porque Deus tem uma missão no mundo que Ele nos proporcionou Sua revelação (Sola Scriptura). Qual o sentido da Escritura existir e de Deus querer se revelar nela se não sua própria missão? Assim, o próprio Cristo (Sola Christus) só veio ao mundo porque Deus, que tem uma missão para com mundo, amou o mundo. “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens” (2 Co 5:19). Tal situação pecaminosa do mundo exige a salvação mediada pela graça (Sola Gratia) e pela fé (Sola Fide). E tudo o que fazemos para Deus, como agentes/instrumentos de Sua missão, é alvo penúltimo da missão, pois o alvo último é sim a glória de Deus (Soli Deo Gloria) – “para que vejam as suas boas obras (alvo penúltimo) e glorifiquem ao Pai (alvo último) de vocês, que está nos céus” (Mt 5:16).

E ainda, é inconcebível ser uma igreja sempre reformada, de acordo com a Palavra de Deus (secundum verbum Dei), sem a participação do Espírito Santo! Por que até hoje ainda não adicionamos o Sola Espiritus Sancti nos solas? Será que existe uma mística em torno dos Cinco Solas? Incluir mais solas seria para algumas pessoas sinônimo de desrespeito para com a tradição reformada? Até quando imperará no movimento reformado a tendência do cristomonismo? Sem a presença ativa e dinâmica do Espírito Santo uma igreja jamais será sempre reformada!

Já passou o tempo de entender que o Sola Scriptura só existe porque Deus, por meio dela, revela seu propósito para com Sua criação. A principal reforma que as igrejas participantes do movimento reformado precisam hoje é se converter à missão de Deus. Ou isso ou um tradicionalismo engessado que caminha para a manutenção de uma estrutura eclesiástica que dá evidências claras de igrejas que não crescem e nem plantam outras.

Ou o movimento Reformado assume de vez sua vocação missional, cuja liderança pastoral está a serviço de capacitar a igreja para ser instrumento da missio Dei no mundo, ou seus relatórios anuais dos concílios contarão mais o número dos enterros e dos que saíram da igreja do que o número daqueles que foram alcançados pelo Sola Christus por meio do Sola Gratia e Fide.

Para que o movimento Reformado viva como expressão do Soli Deo Gloria precisa urgentemente voltar-se para a missio Dei. Nenhum movimento glorificará a Deus em sua plenitude se não for instrumento de Sua missão no mundo! A relevância e pertinência deste movimento depende disso.


Jorge Henrique Barro
Diretor de Desenvolvimento Institucional da Faculdade Teológica Sul Americana - filiada a Aliança Evangélica
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil